BRASÍLIA – Em depoimento prestado nesta terça-feira (10) ao Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) negou ter participado de qualquer plano para tentar um golpe de Estado em 2022. Durante o interrogatório, que durou pouco mais de duas horas, Bolsonaro manteve postura tranquila e chegou a brincar com o ministro Alexandre de Moraes. “Quer ser meu vice?”, questionou em tom de ironia. Moraes respondeu: “Eu declino”.
Apontado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como líder de uma organização criminosa que visava impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Bolsonaro é réu por crimes como tentativa de golpe, abolição violenta do Estado democrático de direito e dano ao patrimônio público. Ele é um dos integrantes do chamado “núcleo crucial” da suposta trama. A denúncia da PGR, aceita em março, se baseia em provas como mensagens, reuniões e delações, incluindo a do tenente-coronel Mauro Cid.
No depoimento, Bolsonaro alegou que apenas expressava críticas ao sistema eleitoral, como fazia desde 2012, e reforçou que figuras da esquerda, como o ministro Flávio Dino e o presidente do PDT, Carlos Lupi, também questionaram as urnas no passado. Sobre a chamada “minuta do golpe”, Bolsonaro negou envolvimento direto e disse que apenas "enxugou" o texto, sem sugerir prisões, contrariando a versão apresentada por Mauro Cid no dia anterior.
Apesar da tensão do caso, Bolsonaro demonstrou descontração em alguns momentos. Ao ser confrontado por Moraes sobre alegações de propina contra ministros do STF, o ex-presidente pediu desculpas e afirmou que suas falas em reunião ministerial não passavam de um desabafo. “Me desculpe, não tinha qualquer intenção de acusar de desvio de conduta”, disse, referindo-se à gravação localizada no computador de Cid, usada como prova pela PF.
Bolsonaro também foi questionado sobre os atos de 8 de janeiro. Ele classificou como “exageradas” as punições impostas aos envolvidos e disse que muitos dos presos eram “pobres coitados”. Afirmou ainda que não participou da organização dos atos e criticou quem, segundo ele, via o episódio como tentativa de golpe. “Aquilo não é golpe, não foi encontrada uma arma de fogo”, afirmou.
Por fim, o ex-presidente voltou a dizer que não passou a faixa presidencial por receio de ser vaiado, negou qualquer apoio das Forças Armadas para ruptura institucional e reiterou que não havia clima para qualquer medida fora da Constituição. “Não existia vontade, não tínhamos mais o que fazer”, afirmou. A defesa sustenta que as acusações são “impossíveis” e que há uma tentativa de excluí-lo da eleição presidencial de 2026.
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